Como este, o costureiro precisa de elementos de inspiração para criar, para confeccionar as suas coleções. Há alguns desenhistas que se inspiram numa determinada época histórica (daí os famosos revival que recuperam vestes do passado adaptando-as à atualidade), numa gama de cores, em determinados tecidos... A moda é uma arte; alguns vestidos de alta costura não têm nada a invejar aos objetos de ourivesaria; no polo extremo, a semelhança entre o estilogrunge e a pintura hiper-realista é bastante evidente.
O mérito da moda como arte é que, com palavras do filósofo Manuel Fontán de Junco, "conseguiu estabelecer uma ponte entre a beleza e a vida. A moda é uma arte que se usa, que se leva para a rua; é uma arte de consumo a que todos têm acesso". E é fundamentalmente uma arte humana. Uma arte feita por e para o homem. O desenhista não veste muros, nem enfeita varas, veste pessoas humanas com tudo o que isto implica. Por isso, a moda não é só uma realidade estética mas também ética. O desenhista não pode esquecer a dignidade da pessoa ao concretizar as suas criações. A roupa tem que servir para salientar essa dignidade; por isso têm sentido as críticas que se fazem a um tipo de moda que mostra a mulher como um objeto. Ultimamente as passarelas viram-se inundadas por uma moda extravagante que, apoiando-se nas transparências, decotes e linhas apertadas e hiper-ajustadas, desnudam a mulher mais do que a vestem. São muitos os que vêem neste tipo de moda uma retrocesso na conquista da igualdade. Algumas passarelas convertem de novo a mulher num objeto, num belo animal que se mostra para agradar. Face ao proclamado ocaso do machismo, estas passarelas convertem-se em redutos nos quais se continua a considerar a mulher como um objeto sexual. Machismo que se manifesta também na diferença em vestir o homem e a mulher; no primeiro caso aposta-se na elegância e no bom gosto, no segundo na sensualidade. O desenhista veste o homem e despe a mulher, o que não deixa de ser um paradoxo numa sociedade que se presume de igualitária. |